A noite é sempre de fim de ano.
Ele vem assim sereno, andando…
Quietinho como quem não quer nada
Achega-se e faz morada.
Seu nome é tempo.
Tão imperceptível no momento!
Não o reconhecemos quando em criança
Pois que o temos em abundância.
E nesse baile a vida passa imensa
Feliz e sorrateira,
Sem dar conta de sua presença.
Mas um dia, a música fica lenta
E a boa idade vem chegando,
Trazendo consigo sua beleza.
Agora sua presença é inexorável,
Sua voz brada nas esquinas.
Sua comanda, à medida dos abusos, infindável
E o troco vem de sobra na fraqueza
Dos anos vividos como se fossem eternos.
O que nos resta?
Culpar o tempo?
Ladrão! Algoz! Injusto!
Não, meu bom amigo…
Resta-nos abraçar-lhe no salão
E com dignidade dançar
A nova trilha sonora que a vida nos dá.
Luciano Aparecido Marques