Fora de ordem

Outro dia o menino encontrou uma pedra da lua

Ela estava caída no chão em meio às flores diluídas

Ele leu na sagacidade do minério uma frase filosófica:

“O sono é bom para quem pode dormir

E a vida é bela para que pode sorrir”

Ele logo atirou a pedra no rio

Pois que dormir não podia

E o sorriso na boca não lhe cabia

A lua era distante e tal sabedoria

A si não passava de fantasia

Continuou a garimpar embrutecendo.

Luto

Ela remói dolorida aqui dentro,

Remexe gosmenta em todos os cantos.

Foge enquanto eu a busco atento,

Com meus neurônios pulsando nos flancos.

Fica cravada feito vã maldade

Sem remédio de nenhuma parte.

Ferpa encrustada no fundo da carne.

Seu nome qual é!!? Chamam-na saudade!

Onde está afinal aquela estrela

Que costumava brilhar no céu negro,

E de manhã tão quente como sol

Abria a porta do sorriso

E com olhos brilhantes feito farol

Dizia: “Nossa, que dia lindo”?

É, meu caro, o que fazer nesta hora?

Resta apresentar ao criador,

Do poente a aurora, a própria dor

Que como bálsamo cicatrizante,

Fará um dia a dor ficar menos pulsante.

Luciano Aparecido Marques