Pulchra!
Semântica bonita de fonética feia.
Bellum!
Semântica feia de fonética linda.
Igual ao olhar
De estupenda beleza
E orgulho preclaro
Com tom âmbar
De pleno escárnio
E de invejosa torpeza
….
Luciano Marques
Pulchra!
Semântica bonita de fonética feia.
Bellum!
Semântica feia de fonética linda.
Igual ao olhar
De estupenda beleza
E orgulho preclaro
Com tom âmbar
De pleno escárnio
E de invejosa torpeza
….
Luciano Marques
Sentado no centro da ante sala
Que dava de frente ao corredor Norte
Em posição de lótus ele estava
Altivo, com semblante puro e nobre
Aproximou-se o frade cristão
Sob o fluxo do silêncio sagrado
E o monge despertando então
Recebeu o amigo de bom grado
_ Vês o imenso número de livros?
Quase todo o conhecimento humano
Escritos nessas tábuas e papiros
Tudo pura vaidade e engano
Perceba esse silêncio que emana
Aqui é onde eu busco o meu refúgio
Dessa calma virá o meu nirvana
Conte-me pois, seu segredo profundo.
_ O que dizer a ti de antemão?
Nem tudo o que sou está na mente
Não posso perscrutar o coração
Também não compreendo o que ele sente
Mas sinto algo valioso e bom
Há lugares a que não tenho acesso
Um jardim onde a rosa de Sarom
Brotou desde o princípio do universo
Deus Pai, Filho e Espírito Santo
Cuidam do jardim em uma Pessoa
De lá Nossa Senhora entoa um canto
Que na alma do orante ressoa
Como se não bastasse tal beleza,
Jesus, que sofreu tanto no calvário
Lá exerce poder e realeza
Que sentimos na conta do Rosário.
…
Luciano Aparecido Marques
De quem é esse tempo?
Não seria das flores?
Ou de todas as dores
Cujo triste lamento
Ocultado na alma
Corrói a santa calma
E destrói o momento
Conferindo ao destino
As mazelas do corpo
Como se houvesse porto
Em que todo o ferido
Por sua própria rudeza
Retornasse ao início
Onde todo o vício
Encontraria a pureza?
Não é assim, meu caro
A natureza cobra
O que ato aprova
E a falta de amparo
Porque se desencanta
O estado atual
Vem d’um mundo no qual
Colhe-se o que se planta.
Mesmo que seja incrível
Mas de um ato inocente
O corpo ainda sente
Tal lei irredutível!
….
Luciano Aparecido Marques
Depois eu faço
Amanhã eu terei tempo
Agora estou alimentando a minha demanda hormonal
Quando eu terminar essa ação tão esquematicamente normal
Eu direi a mim mesmo:
_Que embaraço!
Porque não consigo?
Tal como o discípulo afirmou
Ser difícil fazer aquilo que é preciso em detrimento do que eu quero
Sei o que devo realizar, mas coloco na frente a imediata vontade estéril
Dessa forma me torno quem sou
E não o que preciso.
E assim passa-se o tempo
Jocoso e tenaz, mas maquinalmente sádico
Pois quando termina a aurora do desejo encravado na alma
Ele sai indiferente rumo ao infinito e com toda calma
Nos deixa perdidos no presente trágico
No qual perdemos o momento
Luciano Aparecido Marques
O que seria da minha vida sem você?
O faroleiro sem companhia,
Ou o ébrio jogado na sarjeta?
O fato é que a vida não seria
Mais do que um universo sem planeta.
Qual seria o rumo a tomar sem você?
Não seria apenas uma cisterna vazia,
Um oásis feito de miragem,
Cuja opaca e languida apatia
Sobreporia a paisagem de tal imagem?
A que conclusão chego em tal querela?
Sou o que tu vês
Porque tu és em mim
E o derradeiro fim
Sou eu em você.
…..
Luciano Marques